Pronto! Está chegando a sua vez de ser enganado. Talvez você até já tenha sido.
Nos últimos seis meses, os geradores de vídeo por inteligência artificial (IA) ficaram tão bons que a nossa relação com as câmeras está azedando.
Isso é o que vai acabar acontecendo alguma hora, na melhor das hipóteses: você será enganado várias vezes, até que não aguentará mais e passará a questionar tudo o que vê. Bem-vindo ao futuro!
Mas, por enquanto, ainda existem alguns sinais de alerta para identificar quando um vídeo é real ou não.
Um desses pontos se destaca. Se você assistir a um vídeo com baixa qualidade de imagem (filmagem borrada ou granulada), pode ligar o seu "desconfiômetro": você pode estar assistindo a um vídeo gerado por IA.
"É um dos primeiros pontos que procuramos", afirma o professor de Ciências da Computação Hany Farid, da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos. Ele é pioneiro no campo forense digital e fundador da empresa de detecção de deepfakes (imagens falsas) GetReal Security.
É verdade que as ferramentas de vídeo com IA ficarão cada vez melhores e este conselho, em breve, será inútil. Poderá levar meses ou, talvez, anos. É difícil dizer, desculpe!
Mas, se você navegar pelas nuances desse assunto comigo por um minuto, esta dica pode evitar que você assista a algum lixo criado com IA, até aprender a mudar a forma em que você encara a verdade.
Sejamos claros. Não se trata de uma prova concreta. A verdade é que os vídeos de IA não costumam ter má qualidade. As melhores ferramentas de IA podem fornecer clipes bonitos e sofisticados. E os clipes de baixa qualidade também não são, necessariamente, feitos com IA."Os principais geradores de texto para vídeo como o Veo, da Google, e o Sora, da OpenAI, ainda produzem pequenas inconsistências", explica Farid. "Mas não são mãos com seis dedos ou texto truncado. É algo mais sutil."
Mesmo os modelos mais avançados de hoje em dia, muitas vezes, introduzem problemas como texturas de pele excepcionalmente macias, padrões estranhos ou inconstantes dos cabelos e das roupas ou pequenos objetos de fundo que se movem de formas impossíveis ou não realistas.
Tudo isso passa facilmente despercebido. Mas, quanto mais clara for a imagem, maior é a probabilidade de observarmos esses sinais de erros de IA. Daí vem a vantagem dos vídeos de menor qualidade.
Quando você pede à IA algo que pareça ter sido filmado em um telefone antigo ou em uma câmera de segurança, por exemplo, ela pode esconder os itens que poderiam revelar se tratar de inteligência artificial.
Nos últimos meses, alguns vídeos populares criados por IA enganaram inúmeras pessoas. E todos eles tinham um ponto em comum.
Um vídeo falso, mas divertido, de coelhos silvestres pulando sobre um trampolim teve mais de 240 milhões de visualizações no TikTok.
Milhões de pessoas românticas online clicaram no botão de "curtir" em um clipe que mostrava duas pessoas se apaixonando no metrô de Nova York, nos Estados Unidos. Elas enfrentaram a mesma decepção quando se descobriu que o vídeo era fake.
Eu mesmo caí em um vídeo viral de um pastor americano, em uma igreja conservadora, dando um sermão surpreendentemente de esquerda.
"Os bilionários são a única minoria de quem devemos ter medo", berrava ele, com sotaque do sul dos EUA. "Eles têm o poder de destruir este país!"
Fiquei perplexo. Será que as nossas fronteiras políticas realmente desapareceram?
"Se você observar algo realmente com má qualidade, isso não significa que ela seja fake. Não há nenhum significado nefasto nisso", afirma o professor Matthew Stamm, chefe do Laboratório de Segurança da Informação e Multimídia da Universidade Drexel, nos Estados Unidos.
A questão, na verdade, é que os vídeos de IA borrados e pixelados são aqueles com maior probabilidade de nos enganar, pelo menos por enquanto. Eles são um sinal para observarmos mais de perto o que estamos assistindo.
(Com informações da BBC News Brasil)
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