Saiba quais regras do BPC foram alteradas pelo governo

Nova portaria do MDS e INSS redefine critérios de renda, revisão cadastral e manutenção do auxílio


Governo Federal atualizou as regras do BPC (Benefício de Prestação Continuada) na semana passada.

A medida regulamenta alterações na lei e busca adaptar o programa à nova realidade de renda variável das famílias brasileiras, ampliar o cruzamento de informações e reduzir despesas públicas.

O BPC garante um salário mínimo mensal — R$ 1.518 em 2025 — a idosos com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência de baixa renda, sem necessidade de contribuição à Previdência.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, as novas normas entram em vigor para novas concessões, revisões e manutenções de benefícios, com economia estimada em R$ 15,3 bilhões nos próximos dois anos.

Uma das principais mudanças é a inclusão de rendimentos informais no cálculo da renda familiar. A partir de agora, atividades autônomas, trabalhos esporádicos e outros auxílios governamentais passam a ser considerados na análise de elegibilidade.

O objetivo é evitar o acúmulo indevido de benefícios e assegurar que o auxílio chegue às famílias em maior vulnerabilidade.

O cruzamento de dados com o CadÚnico (Cadastro Único) será automático, reduzindo a dependência de declarações manuais.

Outra alteração relevante diz respeito à manutenção do benefício em casos de variação de renda.

O BPC continuará sendo pago se a renda per capita familiar do último mês analisado ou a média dos últimos 12 meses permanecer igual ou inferior a um quarto do salário mínimo — R$ 379,50.

A mudança busca proteger famílias que enfrentam oscilações pontuais de renda, especialmente entre trabalhadores informais.

O MDS estima que cerca de 10% a mais de famílias sejam beneficiadas por essa regra em 2025.

Para pessoas com deficiência que ingressam no mercado de trabalho, o benefício será automaticamente convertido em auxílio-inclusão, correspondente a metade do salário mínimo (R$ 759).

O sistema do INSS fará o cruzamento de informações e notificará os beneficiários por meio do aplicativo Meu INSS ou pelo telefone 135. Se a renda cair novamente dentro de dois anos, é possível retornar ao BPC sem nova perícia.

A atualização cadastral no CadÚnico se torna obrigatória a cada dois anos ou sempre que houver alteração de endereço, composição familiar ou renda.

O processo passa a incluir biometria facial para novos pedidos e revisões, com exceção de áreas de difícil acesso.

O MDS planeja revisar cinco milhões de cadastros até o fim de 2025, incluindo entrevistas domiciliares quando necessário. O não cumprimento das exigências pode resultar em suspensão ou bloqueio do benefício.

O governo também reduziu prazos para entrega de documentos e recursos. Em caso de pendências, o beneficiário terá 30 dias para apresentar as informações solicitadas.

Caso o prazo não seja cumprido, o pedido será arquivado, sendo necessário iniciar novo processo. Recursos administrativos para desbloqueios ou suspensões seguem o mesmo prazo.

Nas reavaliações médicas, pessoas com deficiência permanente, como casos de cegueira total ou paralisia irreversível, ficam dispensadas de novas perícias.

Beneficiários que completarem 65 anos migram automaticamente para a categoria de idoso.

Por outro lado, o INSS intensificará revisões para cerca de um milhão de casos sem registro atualizado de deficiência, incluindo processos concedidos por decisão judicial.

Entre as regras gerais, o governo reforçou a proibição de acúmulo com outros auxílios e determinou que rendimentos de aposentadorias e pensões familiares sejam contabilizados na renda total.

O valor do BPC continuará vinculado ao salário mínimo, com reajuste limitado a até 2,5% acima da inflação.

Um pente-fino em cerca de três milhões de benefícios deve ocorrer ao longo de 2025, com foco em biometria e cruzamento de dados.

O pedido inicial do benefício pode ser feito pelo aplicativo Meu INSS, no site gov.br/inss ou pelo telefone 135, desde que o CadÚnico esteja atualizado. Dúvidas podem ser esclarecidas em unidades do CRAS ou nas centrais de atendimento do INSS.

(Com informações do iG)



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