Antes que me rotulem de chata ou preguiçosa, já queria começar este texto dizendo que a questão que me move não é o mundo do trabalho ou a prática do trabalho. Sou trabalhadora, adoro trabalhar e penso que o trabalho digno deve ser um direito de todas as pessoas. O que transformou o trabalho em um dos vilões da saúde mental foi a cultura da produtividade tóxica e a ideia de que as pessoas podem ser empreendedoras de si, lema da Sociedade do cansaço.
Precisamos falar sobre isso, cuidar das dores que estão nascendo nos ambientes de trabalho e que estão adoecendo os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros, campeões de pedidos de afastamento por doenças e síndromes relacionadas à saúde mental (isso para ficar no âmbito das pessoas que trabalham em regimes de dedicação fixos, como o CLT).
Em 2024, o Brasil registrou mais de 400 mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais, o maior número em pelo menos dez anos, segundo o Ministério da Previdência Social.
Não é à toa que o Brasil tem uma legislação para regular a matéria. A NR-1, ou Norma Regulamentadora nº 1, estabelece as disposições gerais sobre segurança e saúde no trabalho e define princípios fundamentais para a aplicação de outras NRs. Ela determina as responsabilidades do empregador e do empregado na garantia de um ambiente de trabalho seguro e saudável, incluindo medidas de prevenção, treinamentos e conscientização sobre riscos.
O mundo do trabalho (assim como outros âmbitos da vida, em ritmo cada vez mais acelerado) está passando por revoluções às quais não estamos dedicando a devida atenção para arejar nosso pensamento (conheço colegas seriíssimos que têm se dedicado a pensar nos arranjos no mundo do trabalho, mas estas reflexões parecem não sensibilizar as pessoas que estão em posições de liderança no mercado, especialmente no mundo corporativo).
Especificamente no que diz respeito à relação entre gerações, ao tempo dedicado ao trabalho (e aos atravessamentos por marcadores sociais de desigualdades), à relação com as tecnologias e ao direito à desconexão, em geral, a impressão que tenho é de que estamos pensando dentro de contornos antiquados, anacrônicos e que não olham de fato para o que está acontecendo com as pessoas.
"Me incomodam especialmente os movimentos de empresas que dizem cuidar de seus processos e pessoas, mas que fazem isso para ganhar um selo. Está pegando cada vez mais mal dizer que faz sem fazer de fato; ter um discurso desconectado da prática."
A verdade que precisamos encarar é: se as organizações e empresas quiserem de fato cuidar de suas pessoas, elas precisam mexer nas suas concepções de crescimento, desenvolvimento e progresso. Precisam mexer no que acreditam ser os resultados.
Não adianta achar que vai cuidar das pessoas sem mexer em metas, prazos, culturas aceleradas que adoecem as pessoas. Esta prática tem nome: wellness washing (washing do inglês "lavar", que tem a ver com a empresa "lavar a imagem" por meio de ações de uma determinada área; no caso, o bem-estar. A expressão também existe em outros formatos, como o green washing, que denomina práticas de "lavagem de imagem" por meio da promoção de ações voltadas ao meio ambiente). O que caracteriza o washing é a falta de coerência ou consistência entre o que se diz e o que se faz.
A convite da Fiesp, participei junto com Izabella Camargo (uma das principais influenciadoras do país neste tema) da gravação do primeiro episódio da segunda temporada do INDHub Cast, que teve como tema as relações entre o trabalho e a saúde mental.
E pensei em compartilhar aqui com vocês alguns dos pontos sobre os quais falamos e que precisam de atenção. O washing é um deles.
"Outro ponto é o mito de que a geração atual não quer trabalhar e não gosta de trabalhar. Não gosto de generalizações relacionadas a gerações. Precisamos olhar sempre para o contexto em questão. Claro que há características comuns entre pessoas que integram o que costumamos chamar de geração, mas esta forma de lidar com jovens, julgando que eles não gostam de trabalhar é um preconceito."
A minha geração está adoecendo no trabalho. Por que estes jovens sonhariam em ser como nós? O que estamos fazendo para cuidar da relação das juventudes com o trabalho? Eu tendo a me fazer muito mais perguntas em relação a este tema do que achar que estas juventudes precisam ser "enquadradas" em um modo de se relacionar com o trabalho que já vimos que deu errado entre nós.
Um outro mito é o de que as empresas oferecem apoio, mas as pessoas colaboradoras não acessam estes serviços. É comum a gente ouvir que a empresa oferece psicóloga e academia, mas ninguém vai. Também é comum que lideranças consigam acessar estes benefícios, mas os funcionários de funções consideradas hierarquicamente "inferiores" não consigam.
Por que será determinadas pessoas "conseguem" e outras não? Será que basta apenas as pessoas desejarem e se organizarem para isso? E se pensássemos na possibilidade de estes apoios serem acessados no tempo de trabalho? Precisamos tocar nestas questões.
"Essa ideia de que basta oferecer um serviço sem oferecer condições para que as pessoas o acessem é uma ideia cronomeritocrática. Isso porque estamos falando de pessoas que possuem seus direitos garantidos em contratos e regimes de trabalho com vínculo. Se adentrarmos o mundo da precarização e do "empreendedorismo", a questão é ainda mais profunda."
Também precisamos falar da relação do trabalho com as tecnologias. Especialmente após o que vivemos na pandemia, bordas que antes existiam e eram muito nítidas, hoje estão mais borradas; e é aceitável sairmos do trabalho e seguirmos trabalhando por meio de grupos em aplicativos de conversa instantânea ou mesmo de emails em horários que não são "oficialmente" de trabalho. Se, por um lado, temos mais flexibilidade; por outro, é plausível que nos dediquemos ao trabalho em regime 24/7 (de novo, aqui, estou falando de assuntos que são vistos quase como "privilégio" de regimes de trabalho fixos).
Precisamos discutir estes assuntos situando-os na realidade brasileira e buscando compreensões a partir da perspectiva das desigualdades; e da complexidade que são as múltiplas realidades de nosso país. Em relação às tecnologias, por exemplo, existem países que já regulamentaram o direito à desconexão criando leis para isso.
Em alguns lugares, a regulação do trabalho por plataformas e das próprias tecnologias digitais já parte da compreensão de que elas não incidem em nossas vidas apenas como "transmissoras" de conteúdos. Falamos que a vida é dataficada e plataformizada, porque dispositivos como as redes sociais entraram na nossa vida como redes de conexão e hoje se transformaram em espaços prescritores de atitudes, comportamentos e modos de ser.
Elas monitoram a nossa vida e capturam nossos dados para nos vender coisas, mas também para sugerir modos de viver. Quando eu uso um dispositivo móvel, estou trazendo velocidade, mobilidade e conectividade para minha vida. As crianças que usam precocemente já são comprovadamente pessoas que ficam ansiosas e que são prejudicadas do ponto de vista da condição de atenção.
Estes e outros atravessamentos que estão mudando radicalmente a forma como trabalhamos estão aí, vivos, mas seguimos olhando para este mundo com um olhar anacrônico. E o paradoxo é que as pessoas fazem isso dizendo que querem ser inovadores. Se a pressa é a regra, a inovação será desacelerada. Se as pessoas estão adoecendo de produtividade tóxica é apenas parando e cuidando de fato destas pessoas que vamos sarar estas feridas. Há caminhos. Mas é preciso vontade de rever crenças muito estabelecidas deste mundo para chegar lá.
(Com informações do UOL)
#ARTIGO_SEMANAL_EM_25_08_2025
EM MARACANAÚ, POPULAÇÃO DENUNCIA O DESCASO DA PREFEITURA QUE NÃO RETIRA DAS RUAS ANIMAIS ABANDONADOS, QUE AUMENTA A QUANTIDADE A CADA DIA; TELEFONE DESTINADO A DENÚNCIA DE MAUS TRATOS E CRIMES DIVULGADO, EM REDE SOCIAL DA PREFEITURA, NÃO RECEBE LIGAÇÃO, DETONAM MORADORES DE CONJ. HABITACIONAL
A prefeitura tem que atender o que a população mais necessita e deseja. Valorizando a vida sempre. Percebe-se que é possível realizar um razoável trabalho, nesse sentido, em Maracanaú. Porque a prefeitura tem recursos para isso. Não atender a população que solicita uma solução para retirar animais abandonados das ruas é inaceitável. Ainda mais porque nas redes sociais da prefeitura tem propaganda que basta ligar para um telefone para denunciar crimes de maus tratos e poluição na cidade. Só que tem pessoas que ligam e não são atendidas. Era para atender essas ligações durante o dia e parte da noite. Atendendo o mais rápido possível os casos mais urgentes. A prefeitura de Maracanaú, além de recursos próprios consegue receber recursos estaduais e federais para cuidar dos animais, parece que falta é competência para realizar o devido trabalho, de reduzir o máximo o sofrimento dos animais domésticos maracanauenses. Enquanto não retiramos das ruas, que estão na míngua, a prefeitura deveria não postar informações que cuida muito dos PETs. Porque é revoltante ser enganado por quem não trabalha direito, porque não quer, percebe-se. Uma gestão municipal que não cuida direito dos animais de estimação, preferindo gastar muito dinheiro com artistas e atletas de futebol profissional, por exemplo, demonstra não ter condições de realizar o serviço público que é essencial para cidadãos. ESSA GESTÃO MUNICIPAL SÓ PENSA EM SEUS ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO? O RESTANTE DA POPULAÇÃO QUE SE VIRE VENDO OUTROS ANIMAIS ABANDONADOS SOFRENDO MUITO NO MEIO DA RUA? MOVIMENTO ELEITOR PARTICIPATIVO (EL-PARTICIPO) traz Um Novo Olhar para Maracanaú, EMPODERANDO quem contratou, no pleito eleitoral, funcionários políticos.
Comentários
Postar um comentário