Caso alerta para os riscos do uso compartilhado de instrumentos em salão; ortopedista explica problema
A dor não melhorou, ela tomou mais alguns medicamentos e o dedo começou a apresentar inchaço. Retornando a sua cidade, saiu imediatamente do aeroporto para o hospital, onde um angiologista indicou uma cirurgia de emergência. Embora a recomendação seja que um cirurgião de mão realize esse tipo de procedimento, diante da urgência, um outro tipo de profissional operou a paciente.
De lá para cá, o dedo da paciente necrosou e ela passou por mais duas cirurgias para desbridamento (remoção de tecido morto), além de uma para enxerto. Como consequência da infecção, perdeu a capacidade de dobrar o polegar, que também apresenta dormência e hipersensibilidade ao manusear objetos. Em agosto, será submetida à quinta cirurgia plástica, para melhorar não apenas a aparência do dedo, mas também a mobilidade.
Mas, afinal, o que causou todo esse transtorno?
O ortopedista e cirurgião da mão, Frederico Faleiro, que vem acompanhando o caso, explica que se trata de uma paroníquia, inflamação da pele frequentemente causada por bactérias ou fungos. “Com o uso de unhas em gel e a utilização recorrente de materiais não esterilizados, o número de pacientes com infecção na região da unha têm aumentado”, explica o membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão.
O hábito de roer as unhas ou puxar a pele ao redor, também podem causar o problema.
Gravidade
Segundo Frederico, na maioria das vezes, as infecções não são graves, porém, em alguns casos, há severas complicações. “Essa infecção bacteriana pode necrosar toda a parte da unha, do dedo, da polpa digital e, eventualmente, se alastrar. A mesma coisa pode acontecer com pacientes que têm problemas de saúde, como por exemplo, diabetes, ou aqueles que não procuram tratamento precoce, visto que a infecção pode espalhar pela mão, acometendo a ponta do dedo, que pode ser perdida”, fala.
Nos casos mais simples, o tratamento é feito com medicamentos, como antibiótico e compressas mornas para auxiliar na drenagem de secreção. Já se a situação se tornar um abscesso, o médico pode indicar a drenagem do pus por meio de cirurgia.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM), Rui Barros, lembra que a melhor forma de prevenção é a esterilização completa dos materiais utilizados nos procedimentos de unha. “De preferência que esses materiais sejam de uso exclusivo de cada cliente”, pontua.
O especialista ressalta ainda a importância de que os procedimentos não sejam feitos de forma tão invasiva, causando ferimentos, já que isso quebra a barreira de proteção natural da pele, significativamente efetiva para evitar as infecções. “E, claro, manter as mãos sempre limpas e higienizadas.”
(Com informações do Estado de Minas)
Comentários
Postar um comentário