Eles não falam, mas sabem acolher. Os animais dão suporte emocional com presença terapêutica e ajudam a aliviar dores invisíveis e transformar vidas
O mais curioso é que esses animais não precisam ser apenas cães e gatos, como se pode imaginar. Podem ser espécies com as quais o tutor se sinta íntimo e familiarizado, como coelhos, calopsitas, hamsters e tartarugas. Segundo Kássia Vieira, médica veterinária e professora de comportamento e bem-estar animal do curso de medicina veterinária na Universidade Católica de Brasília, os animais mais comumente usados são os de raças amigáveis, empáticas e fáceis de treinar, como o golden retriever e o labrador, para cães, e gatos persas, siameses ou aqueles sem raça definida de comportamento calmo. É indicado que não se assustem com sons, objetos e pessoas.
"Tanto para cães quanto para gatos, o ideal é que o animal seja adulto, tenha entre 1 e 9 anos, pois esses têm temperamento definido e, geralmente, são mais estáveis emocionalmente. Não é indicada a participação de filhotes, pois exigem paciência, socialização adequada e supervisão mais rígida. Quanto aos idosos, eles costumam ter menos energia e podem ser mais sensíveis à manipulação", detalha.
De acordo com o psicólogo André Sena Machado, mestre e doutor em psicologia clínica e neurociências, são diversas as situações em que o vínculo com o animal vira um apoio poderoso. "Para alguém que vive com ansiedade, ter um ASE por perto pode ajudar a acalmar, trazendo um alívio nas crises só com a presença dele. Quem enfrenta depressão sente aquele vazio que isola, e o animal dá um motivo para levantar da cama, cuidar dele, criar uma rotina, além de afastar a solidão com sua companhia. Para quem tem transtorno de estresse pós-traumático, o bichinho pode ser uma âncora, trazendo segurança e estabilidade emocional. E, em casos de fobias, como a social, ele vira quase um parceiro de conversa indireto, atraindo atenção positiva dos outros e ajudando a pessoa a se soltar um pouco", explica.
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Uma pesquisa publicada em um jornal científico conclui que animais de estimação aumentam a eficácia de medicamentos antidepressivos em pacientes com depressão. Já um estudo realizado por cientistas da Universidade de Toledo, nos Estados Unidos, aponta que, após um ano de adoção, houve uma melhora significativa na depressão, ansiedade e sentimento de solidão. Além disso, a redução dos níveis de cortisol (hormônio do estresse) e a estimulação da liberação de ocitocina, o "hormônio do amor", foram observadas por profissionais.
Para o psicólogo, o simples ato de passar a mão no pelo do animal faz com que a pessoa comece a se desconectar dos pensamentos acelerados, quase como um efeito imediato de calma. Em indivíduos com fobias sociais, funciona como uma ponte: as pessoas se aproximam para interagir com ele, e isso abre portas para conversas sem medo de julgamento. Eles se tornam parte da rotina, proporcionando um suporte que se alia com o tratamento de saúde mental de um jeito leve e natural.
Na alegria e na tristeza
Bruna Ribeiro, bióloga e professora, encontrou amparo e apoio em seus cães. O primeiro foi Jake, um yorkshire de 10 anos; e Brigitte, a dachshund de 2 anos. Ambos são extremamente carinhosos, mas têm personalidades totalmente diferentes: Jake, um velhinho que detesta bagunça e correria; e Brigitte, uma cadela ativa e brincalhona.
"Eu agradeço muito e sou muito realizada por tê-los. Não os enxergo como filhos, mas como companheiros de luta, enfrentando as dificuldades comigo, me ajudando e caminhando lado a lado comigo. Quando estou triste, quando me vejo numa situação em que não enxergo mais motivos para seguir, eu falo para mim mesma que tenho que trabalhar para comprar a ração, os remédios e essas coisas, porque eles me salvaram, e eu preciso devolver tudo isso que eles fizeram por mim", relata.
A tutora conta que sempre gostou de animais, mas, por conta do trabalho que teria com eles, acabava não tendo muito interesse. Porém, o que Bruna não iria imaginar era que eles seriam a melhor rede de apoio para ela nos momentos difíceis. "Eu era muito depressiva, muito ansiosa, não estava indo bem na faculdade, tinha pouquíssimos amigos e, em vários momentos, tinha pensamentos suicidas. Acabou que o Jake se tornou esse suporte emocional. Várias vezes eu cheguei em casa querendo morrer, mas eu chegava, deitava na cama, e ele vinha me abraçar, vinha lambendo as lágrimas, me falava, de alguma forma, que estava ali, apesar de qualquer coisa."
O que é necessário?
O processo inicia com a avaliação de um profissional da saúde, normalmente psicólogo ou psiquiatra, que analisa as condições, as necessidades e o estilo de vida do paciente para avaliar a possível convivência com o animal. Após isso, o profissional emite uma declaração explicando toda a situação e, principalmente, o motivo de o ASE ser indicado e necessário. É um processo cuidadoso, para garantir que o animal seja realmente uma ajuda terapêutica, não apenas uma conveniência.
Apesar da ausência de legislação própria, em algumas situações é necessário ter em mãos o laudo médico, um documento de identificação do animal e, em casos mais específicos, um Certificado Veterinário Internacional (CVI).
Legislação brasileira
Diferentemente de outros países, não existe uma lei no Brasil que regulamenta os direitos dos animais de suporte. Nos Estados Unidos, por exemplo, existem leis que asseguram o direito de levar os animais de suporte em espaços comuns. No Senado brasileiro, temos o PL 33/2022, que reconhece animais domésticos de pequeno porte de até 10kg como apoio a pessoas com deficiência intelectual, mental ou sensorial. A que mais se aproxima é o PL 2.811/2023, que autoriza a entrada desses animais em espaços públicos e privados, transporte coletivo, com validade de laudo de até um ano ou indefinida para deficiência irreversível, mediante identificação.
Mas a última atualização é de 14 de maio de 2025, quando o Superior Tribunal de Justiça decidiu que animais de suporte emocional não são equivalentes aos de serviço, como cães-guia, e que empresas aéreas têm o direito de estabelecer suas próprias normas e de negar o transporte desses animais na cabine de aeronaves. A decisão foi unânime pelos ministros.
Estar bem para poder ajudar
Para prestar ajuda aos tutores, os animais precisam estar, acima de tudo, com a saúde física e emocional em dia. Por conviverem com pessoas emocionalmente fragilizadas, eles podem ser afetados com uma sobrecarga. Para evitar que o animal sofra, é importante proporcionar uma alimentação equilibrada, manter os exames e as vacinas em dia, ter uma rotina estável e momentos de interação e lazer.
É importante observar se a atividade exercida não está sobrecarregando o animal, garantindo que ele tenha tempo adequado de descanso e não desenvolva sinais de estresse. Agressividade repentina, tentativas de se esconder, perda de apetite, lambedura excessiva, no caso dos cães, e arrancamento de pelos, nos gatos, são alguns comportamentos suspeitos.
"Eles são sensíveis ao humor e à energia dos seus tutores, além de ficarem muito apegados à presença constante. O pet precisa de um ambiente seguro, onde possa se sentir tranquilo e tenha a possibilidade de ficar sozinho e se isolar, se quiser. Também é essencial não tratar o animal como um depositário exclusivo das emoções humanas, pois ele precisa exercer os comportamentos naturais da sua espécie para continuar saudável", finaliza a veterinária Kássia Vieira.
Animais de serviço X de suporte
Embora todos tenham papéis importantes para os tutores, cada um possui diferentes maneiras de auxílio. As principais diferenças entre eles estão relacionadas às funções que desempenham e ao fato de os animais de suporte emocional não precisarem de treinamento especial, como os de serviço, por exemplo.
“Os animais de serviço passam por treinamentos específicos para auxiliar pessoas com deficiência, como os cães-guia, que ajudam indivíduos com deficiência visual. Os chamados cães de trabalho são os de resgate dos bombeiros e os farejadores, das polícias. Já os animais de suporte emocional não passam por treinamento, mas devem apresentar temperamento dócil e comportamento estável, pois, muitas vezes, acompanham seus tutores em ambientes públicos”, detalha Fabiana Volkweis, professora de medicina veterinária do Ceub.
Caso Tedy
Um caso marcante foi o do Tedy, cão de serviço e suporte para Alice, uma criança autista, que foi impedido de embarcar em voo para Portugal por três vezes, a primeira ao lado da menina. Como seu pai estava indo a trabalho e a família iria se mudar para o país, a menina teve que se separar de Tedy forçadamente.
Renato Sá, pai da Alice, explicou em um programa de tevê que a criança sofreu episódios de "meltdown", crise descontrolada, por conta da separação. O cão auxilia e ajuda a prevenir casos de desregulação sensorial e emocional causados pelo transtorno do espectro autista.
Mesmo após várias tentativas e liminar judicial, a empresa aérea responsável pelo voo informou que não transportaria o cão na cabine junto aos familiares. A decisão da companhia se fundamenta na falta de uma legislação específica que assegure o direito de transportar esses animais.
(Com informações do Correio Braziliense)
MAIS UM PERÍODO DE FÉRIAS NO MEIO DO ANO, PODERIA A PREFEITURA DE MARACANAÚ REFORMAR AS ESCOLAS, QUE PARTE DA REDE PÚBLICA NÃO TEM CONDIÇÕES DE FUNCIONAREM DA FORMA QUE DEVERIA SER
Proporcionar Educação Pública com qualidade deve ser sempre obrigação dos gestores públicos. Jamais os recursos públicos devem ser canalizados mais para outras ações, em detrimento ao ensino-aprendizagem para as crianças e adolescentes, mais ainda, em se tratando da educação pública municipal. Cuidar das escolas públicas é fundamental para dar as condições ideais para estudantes conseguirem a devida formação escolar. A gestão municipal que não faz isso demonstra incapacidade, pois a área da educação é essencial. Deveria quem não consegue fazer isso começar a ter dignidade e não prejudicar a população. Que não fizesse de tudo para se perpetuar no poder. Ao iludir os/as munícipes com pão e circo. Atrasando a vida de parte da população que não tem a educação pública que necessita para apropriar-se de uma boa formação escolar, cidadã, socialização e desenvolvimento pessoal. EM MARACANAÚ, O PERÍODO DE FÉRIAS ESCOLARES PASSA LONGE DE SER DO JEITO QUE A CONDIÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS DA PREFEITURA DEVERIA PROPORCIONAR. As escolas públicas, em duas décadas, não recebem a aplicação de recursos necessária para termos uma geração com uma formação digna de ter uma juventude bem-preparada para os desafios na vida adulta. Porque quem comanda a cidade não cumpre com o seu dever, como reza a Constituição Federal. Em vez de gastar muito com coisas que não são prioridade, deveria ser referência na educação. Muito mais futuro para a população. Quando poderemos ter uma gestão municipal que cumpra com essa obrigação? MOVIMENTO ELEITOR PARTICIPATIVO (EL-PARTICIPO) traz Um Novo Olhar para Maracanaú, EMPODERANDO quem contratou, no pleito eleitoral, funcionários políticos.
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