Você se lembra de quando não existia a possibilidade de acelerar conteúdos? Não faz tanto tempo assim. A gente era "obrigado" a ouvir áudios, ver filmes, assistir a séries e ouvir músicas no tempo da duração que eles tinham. Foi em 2021, durante a pandemia, que a principal empresa fornecedora de serviço de conversação instantânea lançou a ferramenta de aceleração de áudios.
Na época, lembro que escrevi um texto falando que estamos doentes de velocidade e que acelerar os áudios era um sintoma. Ouvi muito desaforo. "Que chata. Basta não acelerar o seu. É uma escolha", me diziam. Sim, parecia ser, mas queria justamente chamar atenção para o fato de que o que parecia ser uma escolha era, na verdade, uma questão social, mais ampla, coletiva. E arrisquei dizer que aquilo iria acelerar nossa experiência.
Eu pesquiso tecnologias. E nesta pesquisa fui ao longos dos anos compreendendo pelo menos duas chaves de leitura que me fazem entender que as tecnologias aceleram nossa experiência e que não paramos para pensar nisso, quando aderimos a uma nova "febre tecnológica" (isso está acontecendo com a IA: estamos adotando uma suposta "ferramenta" meio sem entender muito bem que ela não é neutra e que se não tivermos intenção nesta adoção, estamos atendendo a um mero apelo de consumo de quem está interessado em que estas coisas se popularizem: as empresas que vendem estas soluções).
Não sou contra a tecnologia. Seria ingênua se fosse. Não se trata disso. Trata-se de pensar nos efeitos que estes dispositivos produzem em nossas mentes e corpos quando normalizamos e normatizamos seus usos sem nos perguntarmos para que estamos fazendo isso.
No caso dos aceleradores de áudio, tudo começou como se fosse uma escolha mesmo. As pessoas até se perguntavam quando fazia sentido acelerar e quando não fazia. Depois, elas passaram a deixar os dispositivos em velocidade x2 como modo padrão.
Hoje, em todos os lugares por onde eu circulo em aulas, palestras e conversas, ninguém mais acha estranho que isso seja o "normal". Algo que seria uma escolha se tornou um hábito. Acontece que quando este hábito é coletivo, ele não demora muito para se tornar uma regra. Ou seja, além de normalizado (virou normal), está normatizado (virou norma). E quando vira norma, exclui quem não acelera e fica pra trás.
Os pretextos são ótimos. "Acelere para liberar tempo para o que importa". Quando, na verdade, sabemos que estamos liberando tempo para produzir mais, trabalhar mais, entregar mais, consumir mais e ficar mais tempo rolando o feed.
Mas não fica por aí. Além de comprimir o tempo e acelerar os conteúdos, esta escolha (que vira hábito que vira regra que vira violência quando exclui quem fica pra trás) age em nossas mentes, gerando uma irritação com ritmos humanos.
Quem nunca ficou impaciente diante daquela pessoa que começa a contar lentamente uma história que parece sem fim? Ou ficou irritado por achar a pessoa devagar demais? Ou ainda se pegou falando "pode contar, que estou te ouvindo" enquanto mexia no celular, por que não deu conta de sustentar a atenção ao ritmo do outro?
As tecnologias não são apenas recursos "técnicos". Elas carregam consigo uma cultura, um modo de viver, sistemas de pensamento. Estão, de alguma forma, banhadas em valores sobre os quais não temos pensado muito bem ao fazer nossas escolhas. E estes valores vão, de forma sutil, moldando nossas formas de viver e nos relacionar.
Quando aceleramos áudios e depois isso acelera nosso modo de nos relacionarmos com os outros, isso fica muito evidente.
O sociólogo alemão Hartmut Rosa, autor de "Aceleração: a transformação das estruturas temporais na modernidade" afirma que a aceleração é técnica, do ritmo de vida e das transformações sociais.
Basicamente, ele chama atenção para o fato de que ao longo do tempo temos realizado tarefas em menos tempo. Coisas que levavam séculos estão levando décadas. Coisas que levavam décadas, estão levando anos. Coisas que demandavam anos estão acontecendo em meses ou dias. Portanto, essa aceleração não é apenas uma percepção ou uma sensação. O que experimentamos no corpo é, de fato, a aceleração social do tempo.
E quando aceleramos áudios, séries, músicas ou vídeos, estamos dando nosso quinhão de contribuição para a reprodução desta doença de velocidade.
E veja bem. Isso não quer dizer que não devemos nunca acelerar. Às vezes aquele conteúdo mais rápido vai ser necessário em alguma situação que demanda de fato urgência.
Desacelerar é justamente a atitude de se perguntar quando a velocidade faz sentido e quando ela não faz, mas estamos correndo, porque estamos no automático.
Então, que tal experimentar acelerar quando precisa e voltar a ouvir o tom, as pausas e a respiração das pessoas sempre que puder?
Tente observar se isso vai mexer na sua qualidade de presença e na disponibilidade de escuta. E se isso terá algum efeito na qualidade de suas relações.
Depois, eu te conto que talvez não baste apenas parar de ouvir acelerado. Seu corpo vai precisar de ações de regeneração da atenção, que está, de alguma forma, "treinada" para a aceleração. Mas isso é assunto para outro texto.
(Com informações do UOL)
#Artigo_Semanal_em_24_04_2025
PROFESSORES DA REDE PÚBLICA DE MARACANAÚ, DEPOIS DE ANOS DE ATRASO, RECEBEM TABLETS SEM COMEMORAREM, POIS, EM VEZ DISSO, QUEREM QUE AS SALAS DE AULA TENHAM AR-CONDICIONADOS, AS ESCOLAS SEJAM REFORMADAS E SEJA REALIZADO LOGO O PAGAMENTO RELACIONADO A PROGRESSÃO (PARA QUEM TERMINOU MESTRADO E DOUTORADO), IGUALMENTE FORTALEZA, E NÃO CONTINUE DEMORANDO MAIS DE 2 ANOS
A educação é uma das três áreas essenciais da gestão pública e tem muito recurso público. Justamente para atender a população da forma devida. Para todos e todas terem um ensino de qualidade, proporcionando boas condições de aprendizado aos estudantes. Valorizar os profissionais da educação e ter escolas de qualidade. Não ter isso, como em Maracanaú, numa cidade que tem uma grande arrecadação, é praticar injustiça social. Além de um atestado de incompetência. Que acaba comprometendo até o trabalho que dar para ser feito com os recursos disponíveis. Já que como estudantes vão ter uma boa formação escolar: cidadã, socialização, desenvolvimento cognitivo e conhecimento? Se as escolas estão sucateadas e os professores não estão sendo valorizados e respeitados, como deve ser. Uma Cidade de mais de 200 mil habitantes que tem Polo Industrial, e faz limite com a Capital do Estado, deve ter uma educação pública de qualidade. O grupo que está no comando da Cidade não tiver capacidade para realizar isso, tem que ser substituído. Porque os professores precisam ter uma gestão pública que disponibilize escola com a devida estrutura. Além de remunerar e repassar todos os direitos trabalhistas e previdenciários “bem direitinho” a estes profissionais, que todos e todas tem um/a professor/a. Com isso Maracanaú estará sendo digno com seus educadores, ao contrário, muitas pessoas não vão conseguir avançar na vida e nem conseguirem cumprir seu papel social, da forma devida. Fazer o devido trabalho na educação, é investimento. Porque estudantes bem-preparados vão proporcionarem maior desenvolvimento da sociedade. E nas grades desafios do cotidiano podem ser alcançados os melhores resultados. Menos desigualdade social e racial. Pois, segundo alguns autores, a educação tem a condição de alavancar a esfera pública. Imagine como Maracanaú poderia ter as famílias maracanauense sendo atendidas de uma forma que teria mais qualidade de vida. Com a Rede Pública de Educação maracanauense sendo referência em boa gestão e qualidade no ensino, etc. Quando alguém vai fazer isso em Maracanaú? MOVIMENTO ELEITOR PARTICIPATIVO (EL-PARTICIPO) traz Um Novo Olhar para Maracanaú, EMPODERANDO quem contratou, no pleito eleitoral, funcionários políticos.
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