Ações sociais podem começar a partir do incômodo com a realidade de desigualdade e miséria

Para um arquiteto, sensibilização para fazer trabalhos solidários passa por um olhar que não se acostuma com as desigualdades sociais na cidade


O ritmo do mundo moderno pouco convida à reflexão. É como se o movimento de viver fosse o do ratinho dentro de uma roda, ilustra o arquiteto Marcelo Fortuna, de 57 anos. “Quanto mais rápido ele corre, mais rápido a roda corre. Mas a gente se cansa e não sai do lugar”, compara. Para ele, a vida acelerada deixa pouco tempo também para enxergar as pessoas que estão às margens precisando de ajuda.

Há cerca de cinco anos, Marcelo sentiu a necessidade de parar e pensar na própria vida. Uma das respostas encontradas nesse período foi que ele poderia começar a fazer o bem pelos outros. A decisão teve influências da aproximação dele com a doutrina espírita e os evangelhos.

Esse tempo de reflexões permitiu ao arquiteto mudar o olhar para as pessoas em situação de rua. Ele explica que, se o olhar for apressado, a presença destas pessoas pode ser até naturalizada.

“As pessoas aparecem na nossa frente, e a gente acha que aquilo faz parte da paisagem urbana. Mas quem tá na paisagem é meu irmão. Para me incomodar com isso, eu preciso parar e pensar. Porque, até então, eu via uma pessoa na rua como um elemento da paisagem, como era um poste ou uma banca de jornal. E isso não é certo, eu tenho que me incomodar”, partilha.


quase três anos, Marcelo encabeça o Nosso Lar Piedade. A casa fica em Fortaleza, no bairro Edson Queiroz, e abriga 15 pessoas que antes estavam nas ruas da cidade. Com o trabalho, ele vem amadurecendo uma ação social que começou pela distribuição de comida pelo Centro.

Começando nos próprios termos

A partir de um caminho espiritual e filosófico, Marcelo foi percebendo que não queria mais viver no modo automático. Resolveu sair da própria rotina e começar a fazer o bem. E quis começar sozinho, fazendo ações que não dependessem de outras pessoas.

A primeira ação social tinha quatro ingredientes: pão, mortadela, requeijão e queijo. Com eles, Marcelo preparava 50 sanduíches com queijo derretido e distribuía pelas ruas de Fortaleza uma vez por semana.

“Toda sexta-feira, eu ia no Centro da cidade. Eu não ia na Praça do Ferreira porque lá eles tinham mais assistência. Eu começava a catar as pessoas… de duas em duas, uma que estava mais escondida dormindo embaixo de um banco… E eu fazia isso 21h30, terminava às 23h30 e voltava pra casa. Eu fiz isso durante alguns anos”, detalha Marcelo.

Buscando fazer mais, Marcelo passou a visitar também um lar para acolhimento de idosos. Ele começou a conhecer o trabalho do lar ainda sem saber como poderia ajudar. Até que foi orientado a ser um “conversador”. Quando ia à casa nas manhãs das terças-feiras, a função dele era passar um tempo conversando com os idosos abrigados.

Um passo maior

De uma casa que não seria mais ocupada quando entrou em um novo casamento, Marcelo teve a ideia de um recanto de paz para pessoas em situação de rua. Assim, ele fundou o Nosso Lar Piedade, que vai completar três anos de atividade em abril. A ideia para criar a associação veio de outros lares que adotam a mesma proposta.

Na casa, moram 15 pessoas por vez, com acesso à alimentação e a todas funcionalidades de um lar. Os moradores ficam por tempo indeterminado até que seja possível refazer vínculos familiares ou ter condições de moradia própria.

Enquanto estão na casa, as pessoas acolhidas têm como ocupação diária os afazeres domésticos, dentro da proposta da laborterapia. Os custos da associação são mantidos por doações dos amigos que Marcelo já tinha e dos que fez desde que se engajou nas ações sociais. Outra ajuda que a casa recebe é de momentos proporcionados pelos voluntários.

Com a ajuda deles, são diversas as atividades e serviços para os moradores: emissão de documentos, capacitação profissional, reuniões do grupo Narcóticos Anônimos, educação física e palestras sobre competências diversas.

A associação também busca intermediar o contato das pessoas acolhidas com os familiares nas situações em que esta reaproximação é possível e desejada.

Três vezes por dia, os moradores têm um momento de reflexão sobre as mensagens do evangelho. Estas interações podem ser mediadas por voluntários. Marcelo é uma das pessoas que gostam de conduzir estes momentos, compreendendo a mensagem da paz como um componente importante para romper ciclos de violência.

“Na rua, eles precisam ter uma atitude violenta para conseguir se manter, no sentido físico e moral também, por não acreditar no outro ou querer resolver as questões pela briga. O uso da mentira como ferramenta existe também. Então, se a gente não quebrar isso, a casa é só uma casa, não vira um abrigo. Abrigo é quando a gente quebra com esses paradigmas e oferece outros. E o evangelho vai, aos poucos, mostrando que há um caminho manso para você se refazer”, explica Marcelo.


Apesar de contar com voluntários ligados à doutrina espírita para estes momentos, Marcelo ressalta que a casa é aberta para receber também a visita de outros religiosos que queiram fazer ações voltadas para os moradores.

Reservar um tempo para fazer o bem

A rotina de Marcelo é conciliar o trabalho que realiza no escritório de arquitetura com as tarefas do Nosso Lar Piedade. Duas vezes por semana, ele vai até a casa para conduzir algumas atividades pessoalmente.

No resto do tempo, ele cuida de aspectos da administração, captação de recursos e divulgações. Mesmo se dividindo entre as tarefas, ele vê que agora vive uma rotina que faz sentido.

“Essa casa, dentro de tudo que eu fiz na vida, é a única certeza absoluta de que eu fiz uma coisa certa. É um ponto de luz que eu abri para diversos voluntários demonstrarem a sua atitude de caridade, é um oásis para quem está em sofrimento e é um local de trabalho para alguns, também um local para onde a pessoa pode doar alguma coisa, um alimento, dinheiro. Enfim, ela tem braços que se expandem e vão entrando na vida das pessoas”, reflete Marcelo.

Como ressalta o arquiteto, fazer o bem dá trabalho. A dica que ele dá para quem quiser começar é procurar o que fazer no tempo disponível e parar para refletir. E entender que a ação social vai acabar exigindo empenho, energia e até mesmo planejamento.

(Com informações do G1 CE)

#Artigo_Semanal_em_26_02_2024

EM MARACANAÚ A DEMORA DE ARRANJAR VAGAS PARA AS CRIANÇAS NAS ESCOLAS MUNICIPAIS, QUE CONTINUAM SEM ESTUDAR EM 2024, E A DEMORA DA ENTREGA DE CERTIFICADOS POR ENTIDADE DE CURSO PROFISSIONALIZANTE PARCEIRA DA PREFEITURA, ESTÃO DEIXANDO A POPULAÇÃO INDIGNADA

Deplorável quando uma gestão municipal de um dos municípios que mais arrecadam no Estado não presta o serviço público da forma correta por negligência e falta de empatia. Ao deixar de destinar os recursos públicos para o que é prioridade, segundo a constituição de 1988, para realizar coisas que pode ficar para depois. Ocasionando a falta de vagas para as crianças estudarem, que se não tem vagas nas escolas municipais de Maracanaú dar para a prefeitura pagar vagas nas escolas particulares. Basta remanejar recursos de obras que não são prioridades. Ou enxugar o quadro de servidores públicos comissionados que moram em outras cidades. Que o gestor desumano prefere ficar gastando os recursos públicos de Maracanaú com pessoas de fora em vez de atender as demandas do povo maracanauense. Também outra coisa muito errada que o povo estar pedindo uma solução é uma entidade que fatura muito da Prefeitura para realizar cursos profissionalizantes para a população, esta entidade estar deixando de entregar certificados a quem concluiu o curso a mais de 1 ano. E não dar nenhuma explicação para quem dentro do seu direito tenta receber seu certificado, para tentar tornar menos longo o tempo de procura de emprego, tendo como mostrar que se capacitou mais. COM CERCA DE 20 ANOS, SEM VER MELHORIAS, O QUE A POPULAÇÃO DEVE FAZER PARA MUDAR ATÉ OS PRÓXIMOS ANOS? Uma das opções é mudar o comando da cidade. Ou se continua o mesmo grupo no poder,  agora depois de duas décadas no poder vão fazer uma gestão diferenciada. Difícil acreditar nisso. Pois devem não deixar de fazer um montão de coisas erradas que ocasiona, cada vez mais desigualdade social em Maracanaú. Pois se continuar ganhando eleição,  se acham que não precisam evoluir em muitos aspectos, já que continuam ganhando eleições. MOVIMENTO ELEITOR PARTICIPATIVO (EL-PARTICIPO) traz Um Novo Olhar para Maracanaú, EMPODERANDO quem contratou, no pleito eleitoral, funcionários políticos.


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