Maracanaú: Indígenas Pitaguary mantêm tradições espirituais e dividem luta por terra com Pacatuba

Pinturas, trajes e ritos na mata fazem parte da cultura do povo que fugiu do litoral para a serra. Os “comedores de camarão”, significado de Pitaguary, são da linhagem dos indígenas potiguara, que habitavam o litoral do Ceará


Os “comedores de camarão”, significado de Pitaguary, são da linhagem dos indígenas potiguara, que habitavam o litoral do Ceará. Contudo, de tão acuados pelos colonizadores europeus, precisaram se refugiar ao pé da serra de Pacatuba - Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) -, dividindo território também com Maracanaú, onde permanecem até hoje. 


Esta é a terceira reportagem da série "Originários", que ouviu demandas e dilemas dos 4 povos indígenas da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e presenciou danças e rituais que eles tentam conservar para as próximas gerações.


A ameaça de os Pitaguary deixarem suas terras continua devido à pressão empresarial pela instalação de pedreiras que colocam em risco a sustentação desse povo - tanto no sentido figurado, pela ocupação histórica, quanto no real, pelo potencial de abalar a infraestrutura das casas.


O aldeamento que resiste é matriarcal, comandado por mulheres, dentre elas Clécia Pitaguary, 53 anos. Mesmo recebendo ameaças à própria vida e à de familiares, a líder segue lutando pela homologação do território, já delimitado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em 2000 e declarado de posse permanente em 2006.


Embora seja um dos processos mais avançados entre as terras indígenas do Ceará, já decorreram quase 20 anos sem novidades. Segundo Clécia, os Pitaguary aguardam a indenização e desintrusão dos posseiros (que ocupam a terra sem serem donos dela) e a publicação do decreto de homologação. 


“O nosso território já é insuficiente porque não podemos desmatar a serra, construir lá. O pouquinho que tem tá com posseiros. O mais urgente é finalizar esse processo para retirá-los, e depois ter uma atuação mais ativa da Funai dentro do território. Ela tem o papel de fiscalizar e nunca fez isso direito”, reclama.


O Diário do Nordeste questionou à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), desde o dia 9 de fevereiro, como está o andamento do processo de demarcação desse povo; como monitora situações de ameaça/violência contra ele e que diagnóstico possui quanto à necessidade de saúde, saneamento e educação dessa população. Porém, decorridas três semanas, não houve resposta.


Mesmo sem atribuição direta sobre a demarcação dos territórios, a Secretaria Estadual dos Povos Indígenas (Sepince) declarou que "está comprometida com a aceleração do processo" para os povos cearenses. "Para essa demanda avançar, a Secretaria estará em constante diálogo com os povos indígenas do Ceará, Funai, Ministério dos Povos Indígenas e órgãos competentes", disse em nota.


(IN)SEGURANÇA


As batalhas pelo território, porém, não se dão apenas no discurso ou nos trâmites judiciais. A violência é usada por empresários, invasores e grupos criminosos como forma de coagir os indígenas a permanecerem moderados.


Em 2017, por exemplo, um Pitaguary de 42 anos sofreu um atentado e teve o corpo queimado em uma vacaria onde trabalhava, na aldeia Santo Antônio, em Maracanaú. No ano anterior, uma liderança de lá foi atacada com golpes de facão e por pouco não faleceu.


O cotidiano de ameaças amedronta Clécia Pitaguary desde nova. Quando estava grávida, numa noite, a casa de apoio onde dormia foi metralhada. Ao fim dos disparos, recebeu uma ligação em que disseram: “Tu escutou os tiros? Na próxima vez, é tudo na tua cabeça”.


Esse foi apenas um dos três atentados que já sofreu. Contudo, o mais grave, considera, foi quando tentaram raptar sua filha. Mesmo se dizendo tão corajosa, ela chora nesse momento da entrevista. “Foi terrível, um dos piores momentos da minha vida”, lembra.


“Tenho esperança, mas vamos precisar de muita sabedoria e jogo de cintura. Os ataques já começaram para barrar as ações que estão para ser feitas nos territórios indígenas. Acho que vamos ter momentos de muito enfrentamento”, pensa ela sobre a criação da Secretaria Estadual e do Ministério dos Povos Indígenas.


FORÇA ESPIRITUAL

Parte da resistência dos Pitaguary contra esses contratempos vem da crença no poder da natureza e na ação dos encantados, entidades espirituais da tradição indígena. Para Clécia, a etnia é uma das mais espiritualizadas de todo o Estado.


Depois de investigações e identificação de suspeitos por órgãos de segurança, Clécia foi informada de que estava segura, mas ainda se nega a acreditar totalmente nisso. Afinal, se reconhece alvo de “um projeto de destruição que a gente não permite”.


Ela, por exemplo, aprendeu com a bisavó a se conectar com a mata e a chamar a força desses protetores, principalmente “nas horas de aperreio”. “Ela também me ensinou a andar no mato, a reconhecer o que podia me fazer mal, a estancar um corte, a achar comida, água, abrigo e remédios”, enumera.


O principal ponto de encontro dos indígenas é a Mangueira Sagrada, na aldeia de Santo Antônio, em Maracanaú, onde no dia 12 de junho é celebrado o Dia do Indígena Pitaguary. A ela é atribuída a figura da “mãe natureza”, que conforta e protege.


Temos em mente que nossos encantados estão plantados lá. Quando fazemos a passagem, a gente não enterra, a gente planta, porque ela deu frutos e vai crescer novamente. 

VITÓRIA PITAGUARY

Professora indígena da Escola Indígena Ita-Ara, na aldeia Monguba, em Pacatuba.


Esses conhecimentos tradicionais são repassados aos mais jovens, em quem a líder Clécia vê potência para continuar a luta. Quando parte para a serra em busca de energia, durante os rituais sagrados, ela os convida, mas com uma condição: devem estar limpos e puros.


“Fico muito feliz em ver esses meninos se pintando. Quando eles estão juntos, é uma força grande. E extrair isso de jovens é difícil, quando se está tão perto de tudo, de shopping, de festa, de balada. Mas não: estão todos lá, juntos e fortes”, orgulha-se.


EDUCAÇÃO TRANSFORMADORA


É a juventude que guiará os próximos passos da demarcação, acredita Vitória Pitaguary. Ela própria cresceu num ambiente de mobilização, mesmo não entendendo tudo por causa da pouca idade. “Cresci sabendo que era indígena”, resume.


Hoje, ela reconhece que “a luta é bem mais complicada” e que é preciso politizar novas pessoas, até mesmo para conscientizar não-indígenas a evitar estereótipo.


Na leitura da professora, ainda faltam oportunidades de empregos mais próximas das aldeias. O trabalho precisa ser buscado nos polos industriais das duas cidades, já que a agricultura é prejudicada pelo terreno pedregoso da serra.


O avanço das pedreiras na região também preocupa os indígenas. “Quando explodem, já tá tremendo tudo e isso é muito prejudicial. Vai danificar as casas, vai rachar, vamos perder local de moradia”, teme Vitória.


ASSISTÊNCIA PÚBLICA

Por ocuparem faixas de terra em duas cidades, os Pitaguary são assistidos por políticas públicas de duas Prefeituras.


Em Maracanaú, a gestão municipal declarou que possui a Secretaria da Agricultura Familiar e Assuntos Indígenas desde 2021. Nela, são articuladas ações multissetoriais:


Acesso à água: construção de adutora para a comunidade Pitaguary e isenção do pagamento “para os mais carentes”;

Habitação: construção e substituição de casas de taipa por alvenaria;

Construção do Novo Cemitério na Comunidade do Santo Antônio, com autorização da Funai;

Sustentabilidade: implantação de energia solar para famílias de baixa renda;

Trabalho: oferta de cursos de qualificação e aprimoramento de técnicas de artesanato, culinária e marketing para vendas;

Cultura: apoio aos eventos culturais e escolares do calendário Pitaguary;

Saúde: assistência de duas Unidades de Saúde da Família e um Polo de Saúde Indígena, em parceria com o Ministério da Saúde e Governo do Estado, além de ambulância exclusiva para levá-los para consultas fora da área indígena.

Por sua vez, a Prefeitura de Pacatuba informou que a comunidade é atendida “de forma integrada, envolvendo diversas secretarias”. Na saúde, existe a Unidade Básica exclusiva do distrito de Monguba.


Na assistência social, benefícios como atualização do cadastro único “são garantidos”. Na educação, “todos têm acesso à escola, fazendo parte do planejamento pedagógico o conhecimento sobre os povos indígenas com a realização de atividades internas e eventos escolares”.


Já os eventos de identidade cultural particular, realizados na comunidade, recebem o apoio da Secretaria de Cultura, diz a gestão.

(Com informações do Diário do Nordeste)


#ARTIGO_SEMANAL_EM_27_02_2023

EM 18 ANOS, MESMO COM CERCA DE R $ 10 MILHÕES PÚBLICO GASTOS NO TIME DE FUTEBOL PROFISSIONAL DA PREFEITURA DE MARACANAÚ, NUNCA TEVE UMA VITÓRIA DENTRO DE CASA; ESSA DINHEIRAMA DEVERIA TER SIDO ERA INVESTIDO NOS OUTROS ESPORTES DE MARACANAÚ QUE ESTÃO PRATICAMENTE ABANDONADOS? PELO MENOS ESTARIA INVESTINDO MELHOR NOS ESPORTISTAS MARACANAUENSES E NÃO PAGANDO SALÁRIOS ALTÍSSIMOS A ATLETAS DE FORA?

Percebemos que no Maracanã E.C. tudo já começou errado, em 2005. A começar pelo nome do time que deveria ser Maracanaú ou Maracanauense. E deixaria o nome Maracanã só para o mascote que tem mais haver. Foi errado também, por toda a vida, o modelo de gestão do clube. Que sempre dirigido por integrantes da gestão municipal, não sendo realizado eleições na diretoria, praticamente sem nunca ter tido um departamento para sócios-torcedores, e nem um conselho atuante, nunca lançaram um edital para inscrições de chapas e informações sobre o dia da eleição no clube. Nem sede aberta ao público o time que gasta horrores do dinheiro público tem. Para receber os esportistas da cidade que querem igualdade de direitos, e poder participar também do time que é sustentado com a arrecadação dos impostos de todos os maracanauenses. Então, mesmo com acúmulo de anos atrás de outros sem conseguir os resultados compatíveis com a imensidão de dinheiro da Prefeitura, foram embora pelo ralo cerca de R $ 10 milhões que poderia ter sido investido em mais de uma dezena de outras modalidades esportivas, que estão praticamente abandonada pela Prefeitura.Todo esse desmantelo no esporte maracanauense acontece por falta de competência do grupo que ainda comanda Maracanaú, desde 2005. Como também falta de ética, o que culminou com o estouro de corrupção em 2020, em que o MPCE com a Operação Bola Fora indiciou cerca de 10 pessoas que aguardam julgamento do Tribunal de Justiça. Há 18 anos construindo um Estádio Municipal, o atual grupo político na Prefeitura nem ingressos sabe vender de acordo com o Estatuto do Torcedor . Decepcionando a nova geração de maracanauenses que ainda não sabe bem o desmando no time daí estar desejando acompanhá-lo, depois de só após quase 20 edições anuais de competições disputadas é que o Maracanã está jogando em casa, e não ganhou uma. Na última partida foi humilhado pela torcida adversaria, que comemorou a classificação cantando: "É festa no Chiqueiro" em pleno Estádio Almir Dutra. MOVIMENTO ELEITOR PARTICIPATIVO (EL-PARTICIPO) traz Um Novo Olhar para Maracanaú, EMPODERANDO quem contratou, no pleito eleitoral, funcionários políticos.

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