Saiba o que é a ‘doença do beijo’, quadro viral diagnosticado em Anitta

A doença é mais comum entre crianças, principalmente quando elas começam a frequentar a creche ou a pré-escola, e adolescentes. Porém, ela também pode acontecer na fase adulta, principalmente entre 15 e 25 anos


A cantora Anitta revelou durante um evento, no último sábado (3), que foi diagnosticada com o vírus Epstein-Barr, causador da mononucleose infecciosa, popularmente conhecida como “doença do beijo”. A cantora descobriu de forma precoce a presença do vírus, mas confessou que passou “pelo momento mais difícil da [sua] vida” quando a condição foi confirmada.


Segundo a infectologista Ana Rachel Rodrigues, entrevistada pelo portal parceiro R7, a doença é mais comum entre crianças, principalmente quando elas começam a frequentar a creche ou a pré-escola, e adolescentes. Porém, ela também pode acontecer na fase adulta, principalmente entre 15 e 25 anos.


"É uma doença muito prevalente, cerca de 90% dos adultos, ou mais que isso, já tiveram contato com a doença. É mais raro quem não teve contato do que quem teve”, disse Ana.


A principal forma de transmissão do vírus causador da mononucleose infecciosa é a saliva. Segundo a infectologista, também é possível se contaminar em uma relação sexual, mas não é comum.


“Falam que é a doença do beijo, mas ela pode ser transmitida por objetos, um copo, um material de uso comum, como um talher, tudo que tiver saliva pode transmitir”, esclareceu a infectologista.


Os principais sintomas são dor de garganta prolongada com formação de placas de pus, inchaço nos gânglios, principalmente no pescoço, dor no corpo, manchas na pele e febre por diversos dias.


“Pode acometer, nos casos mais graves, o fígado e o baço. Eles podem aumentar muito de tamanho, tipo uma hepatite. A gente não vê tanto [porque], geralmente, é uma doença de evolução muito benigna”, explicou a infectologista.


Como não há um tratamento específico para a doença, o correto é tratar os sintomas, como analgésicos ou corticoides, manter a hidratação, ficar de repouso e esperar o organismo eliminar o vírus.


O diagnóstico precoce é uma forma efetiva de evitar que os sintomas evoluam para algo mais grave. Apesar de as complicações serem raras, elas podem acontecer. A descoberta da doença no estágio inicial permite uma observação e acompanhamento mais efetivos.


“Qualquer doença viral pode complicar para uma meningite, uma doença pulmonar, uma pneumonia viral, a síndrome de guillain-barré, que vai perdendo a força dos membros inferiores. Então, qualquer doença viral, pode ser uma influenza ou Epstein-Barr, pode causar essas complicações, sempre temos que ficar vigilantes”, alertou Ana.


A infectologista e diretora da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), Karen Mirna Loro Morejón, complementa que “precisamos estar atentos aos sintomas desses pacientes e rastrear possíveis complicações que possam acontecer durante o curso dessa infecção.”


No caso da mononucleose infecciosa, essa observação é extremamente necessária, já que a doença foi relacionada com alguns linfomas e tipos de câncer.


“[Pode causar] linfoma de Burkitt, carcinoma de boca, de células escamosas, alguns carcinomas já são associados, mas o de Burkitt é bem associado”, descreveu Ana.


Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, ainda concluiu que a esclerose múltipla – doença degenerativa sem cura – provavelmente também está associada a uma infecção prévia pelo Epstein-Barr.


Prevenção da “Doença do Beijo”

Manter a higienização correta das mãos, não compartilhar objetos de uso pessoal e prezar por deixar os ambientes limpos são formas de diminuir os riscos de uma infecção pelo vírus Epstein-Barr.


Caso tenha algum dos sintomas da doença, procure atendimento nos serviços de saúde e utilize máscara, pois os quadros respiratórios podem ser confundidos com outras doenças.


Como é uma condição comum no início da vida, os adultos infectados tendem a desenvolver quadros mais graves, portanto devem procurar auxílio imediato.


Em caso de diagnóstico de mononucleose infecciosa, as pessoas mais próximas e os familiares devem manter alguns cuidados.


“Não há vacina para essa doença. Recomenda-se evitar contato íntimo com itens pessoais (copos, talheres, escova de dente)”, afirma Karen.


Além do mais, em qualquer idade, o paciente tem de se atentar a um possível retorno da doença.


"Tem relatos que o vírus pode ficar no linfócito dormente e, em uma queda de resistência, no momento de alguma patologia, que a imunidade vai cair, ou de estresse, pode voltar. Mas nem todo mundo vai ficar com ele adormecido”, finaliza a Ana.

Com informações do GC MAIS.


Comentários