OLHA SÓ! Taxistas descobrem: é melhor trabalhar para a Uber do que ser “rendeiro” de táxis


LUCROS MAIORES


Diante da nova tendência dos motoristas de Uber que alugam carros para oferecer o serviço, rendeiros de vagas de táxis estão mudando de lado
Nesta terça-feira (18), 0 Tribuna do Ceará mostrou a nova tendência dos motoristas que alugam carros para dirigir para a Uber. A matéria suscita a questão: vale mais a pena esse aluguel ou arrendar um táxi, outra relação de trabalho comum em Fortaleza?
Os aluguéis de carros feitos por motoristas da Uber, em média, ficam abaixo do que é cobrado pelos permissionários de táxi, conforme motoristas ouvidos pelo Tribuna do Ceará.
Alyson Carneiro da Rocha, de 30 anos, tem experiência nos dois ramos. Ele deixou de ser rendeiro devido aos valores que precisava desembolsar ao dono da vaga. Eram R$ 800 semanais — um “absurdo”, afirma. Foi dissuadido pela esposa, que não via ser possível obter lucros na atividade.
Já há 11 meses no Uber, ele paga R$ 1.650 no aluguel mensal de um Siena. “Não tenho o que reclamar”. Em uma semana, ele diz, consegue pagar o valor do aluguel do carro.
Na prática, o motorista auxiliar, muitas vezes, vira o próprio rendeiro. Esse auxiliar também precisa passar pelo mesmo processo de qualificação e taxação dos titulares. Em discurso feito em outubro de 2016, em plenário na Câmara Municipal, o então vereador Deodato Ramalho (PT) estimou “na melhor das hipóteses” que 70% dos taxistas de Fortaleza são arrendatários.
“Eles pagam um alto valor de tempos em tempos, e por isso chegam a trabalhar até 18 horas por dia”, denunciou. Em março de 2016, ele propôs a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o tema, mas não obteve sucesso.
Comparação permite ver as diferenças entre os serviços, de acordo com os motoristas ouvidos por Tribuna do Ceará
Rendeiro entre 2009 e 2013, o taxista Vinícius Guimarães, de 35 anos, trabalhava entre 12 e 14 horas por dia. Na época, pagava R$ 350 por semana em um ponto no Bairro São João do Tauape. Hoje, conhece amigos que chegam a desembolsar R$ 650.
Atualmente, Vinícius conseguiu comprar um carro próprio e aluga apenas a vaga — uma negociação que custa em torno de um salário mínimo por mês, e também é irregular. Antes, precisava faturar, aproximadamente, R$ 1.100 por semana para ter lucro satisfatório, já que gastava R$ 400 semanais, em média, no gás natural.
“Vi muitos entregarem, ou os patrões tomarem, os carros por não conseguirem pagar os custos”, diz. “Rendeiro em Fortaleza é muito pressionado. Além disso é subjugado pelos patrões. É muito sacrificante”, reclama Edson. Ele ainda critica a falta de direitos trabalhistas, já que não há vínculo empregatício. Só é melhor que ficar desempregado, afirma.
Mesmo assim, ele reconhece que os gastos do locatário também são muitos altos. Os custos da manutenção do veículo, por exemplo, ficam por conta dos locatários. “São muitos impostos, taxas, tem que fazer cursos…”, diz, embora ressalte que os rendeiros também precisem passar pelas mesmas exigências. Só a taxa da carteira padrão é R$ 70, exemplifica Edson. “Uber não paga nada. São mais baratos porque são irregulares”.
Nova lei pode dificultar
Essa vantagem dos ubers em relação aos rendeiros, porém, está sob ameaça. Projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 4, além de atribuir aos municípios a regulamentação do serviço da Uber, prevê que os motoristas possuam certificado de registro do veículo em seu nome. O texto segue agora para votação no Senado.
Ricarte Sampaio espera que a Uber consiga reverter a situação. “Muita gente deixaria de rodar e as vagas que irão disponibilizar não dá para todo mundo”, lamenta. “As locadoras também deixariam de ganhar”.
Além disso, o serviço via Uber pagaria os devidos impostos municipais referentes à atividade e os motoristas precisariam ainda contratar seguro por acidentes e serem inscritos como contribuintes individuais no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 
Discussão na Câmara Municipal
O projeto de lei que tramita em nível municipal para regulamentar o transporte individual privado prevê apenas que o carro usado no serviço seja cadastrado, independente de ser ou não próprio. Autor do projeto de lei ordinária (PLO) 31/2017, o vereador Guilherme Sampaio (PT) diz não ser “relevante” se o motorista aluga o veículo em que dirige.
“São detalhes. Qual a a diferença ser alugado ou não? Nenhuma. O importante é ser cadastrado”, afirma. Conforme o projeto, o motorista passaria a disponibilizar, além do número do cadastro na Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), nome, foto, telefone, modelo e placa do veículo.
Guilherme Sampaio defende que o projeto de lei que regulamenta o transporte individual privado também traria um efeito “muito bom” para os rendeiros, ao proporcionar mais opções a eles. “Hoje, o rendeiro é escravo do taxista. Se tenho várias opções legalizadas, ele pode continuar tendo essa opção, se lhe for vantajoso, assim como pode virar motoristas de Uber, Táxi-Amigo, etc”.
Fonte: Tribuna do Ceará 

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