Site mapeia denúncias de assédio sexual contra mulheres, saiba de casos na capital cearense

Site mapeia denúncias de assédio sexual contra mulheres. Há casos no Ceará

Grupo feminista Think Olga lançou o projeto “Chega de Fiu Fiu”, com o objetivo de denunciar o assédio sexual nas ruas sofrido por mulheres

“Ninguém deveria ter medo de caminhar pelas ruas simplesmente por ser mulher”. É com essa visão que o grupo feminista Think Olga lançou o projeto “Chega de Fiu Fiu”, em referência ao assobio realizado em locais públicos.
Criado no dia 24 de julho de 2013, o Chega de Fiu Fiu, na verdade, foi lançado como uma campanha de combate ao assédio sexual em espaços públicos, que teve como início ilustrações publicadas com mensagens de repúdio a esse tipo de violência.
Com a repercussão entre as mulheres, que acabaram apoiando a campanha, a jornalista Karin Hueck elaborou um estudo online, lançado pelo Think Olga, para averiguar de perto a opinião das mulheres em relação às cantadas de rua.
“A expectativa era de algumas dezenas de respostas, mas em apenas duas semanas, foram quase 8 mil participantes. E os números encontrados eram parte surpreendentes e parte esperados: 98% delas já haviam sofrido assédio, 83% não achavam legal, 90% já trocaram de roupa antes de sair de casa pensando onde iam por causa de assédio e 81% já haviam deixado de fazer algo (ir a algum lugar, passar na frente de uma obra, sair a pé) por esse motivo”, explica a equipe do Think Olga.
Ceará presente
No Ceará, foram registradas 31 denúncias, sendo a mair parte delas em Fortaleza, com total de 29. As outras duas reclamações foram realizadas nas cidades de Capistrano e Crato. A maior parte dos casos aconteceu durante a manhã e depois à noite. A plataforma ainda destaca se o assédio foi verbal ou físico.
Depoimentos
Em Capistrano, uma mulher ressalta que o assédio verbal é bastante naturalizado na cidade e que perdeu as contas de quantas vezes sofreu isso. Já no Crato, a denúncia era de que um nome de uma estudante da Urca foi pichado no banheiro da universidade, com palavras racistas.
Em Fortaleza, uma mulher explica que estava em uma festa no bairro Aldeota, quando um rapaz bem aparentado apareceu. “Conversamos rapidamente, trocamos telefones. Pronto. Dia seguinte, ele me ligou várias vezes e mandou mensagem. Achei estranho a insistência e comecei a ignorar. À medida que ele enviava mensagem, o conteúdo passou a ser de teor sexuais e agressivo. Depois de dois dias, encontrei seu Facebook e enviei uma mensagem dizendo que eu era menor de idade. Ele insistiu e começou a me ameaçar, dizendo que iria descobrir onde eu estudava/morava. Fiquei com medo e bloqueei no Facebook”.
Em outra denúncia, consta que a vítima estava saindo de uma boate LGBT no Dragão do Mar, quando pediu a informação de qual a parada de ônibus mais próxima do local. “Um grupo de caras disse que poderia me dar uma carona até lá, então eu entrei no carro. Mas dentro do carro começaram a fazer vários comentários de teor sexual, e quando eu disse que tinham passado da minha parada, trancaram as portas do carro. Acabou tudo bem, porque eles estavam ‘de brincadeira’, quando viram que eu estava ficando realmente assustada. Desci quase correndo do carro e fui procurar algum lugar movimentado pra pegar o ônibus”.
Um ciclista também reclama que houve assédio físico na Rua Teresa Cristina, no Centro de Fortaleza. “Estava andando de bicicleta na rua da minha casa, parei na preferencial, quando veio um cara e colocou a mão dentro do meu short. Eu quis morrer na hora! Cheguei em casa chorando e o pior, tive vergonha de dizer o que aconteceu, e disse que tinham tentado me assaltar”.
Em outros depoimentos, algumas mulheres contam os assédios em ônibus e em ruas. Nesses casos, algumas deixaram de realizar o trajeto para evitar o constrangimento. Para compartilhar a história, basta acessar ao site e descrever a situação e apontar a localização. A esperança das mulheres que denunciam é que, de alguma forma, as denúncias inibam os eventuais assédios.
Fonte: Tribuna do Ceará 














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