NAS REDES SOCIAIS, POLITICOS NÃO ESTÃO CONSEGUINDO UMA MELHOR INTERAÇÃO





Polêmicas envolvendo a postura de políticos em seus perfis de redes sociais estão cada vez mais comum. Casos recentes como a troca de insultos entre o secretário da educação do Estado, Ivo Gomes, com internauta e a publicação de foto do governador Cid Gomes desrespeitando o Código de Trânsito Brasileiro mostram o despreparo dos políticos para terem um canal direto com a população na internet.
Segundo o cientista político Uribam Xavier, o principal problema está no fato de o campo público, pelo qual uma instituição responde, confundir-se com o privado, que diz respeito à vida pessoal de alguém. Ele explica que o uso de plataformas digitais pelos políticos permite que qualquer pessoa possa confrontá-lo. Portanto, não separar o institucional do pessoal exigirá que ele saiba lidar com essa possibilidade.

Para o cientista, unir desses dois campos não é uma forma adequada de se aproximar da população. E isso pode ter sérias consequências, pois pode promover “bate-boca com o público e gerar polêmica”. Desta forma, Xavier considera indispensável que o governo utilize outros instrumentos para tratar de assuntos oficiais, como porta-vozes.
Xavier defende que as polêmicas recentes só mostram o quanto certos políticos não estão preparados para assumir o cargo. Nos exemplos relacionados à família Ferreira Gomes, ele afirma que as atitudes testemunhadas nos perfis são características de um governo autoritário. “Não há um canal de participação com a população. Bater boca com a população não é um espaço de cidadania”.
O cientista acredita que o governo deve utilizar apenas as formas institucionais para se comunicar com a sociedade, e restringir as plataformas digitais para uso privado, ou seja, entre amigos e familiares. “Se ele tem coisa boa para acrescentar, os meios de comunicação podem dar conta”. Para ele, determinadas situações que geram o bate-boca desgastam a imagem do político, tornando as declarações agressivas ou abusivas, pois não se trata de uma pessoa comum. “O governo tem que se preservar. Esses instrumentos servem apenas para gerar fofoca”, completa.
Político online
Klécio Gonçalves, também cientista político e sócio da empresa Leme Soluções e Estratégias Digital, tem uma visão diferente sobre o assunto. Para ele, o uso de perfis pessoais por políticos é muito importante, sendo um erro quando a ferramenta é utilizada apenas em período eleitoral. Ele destaca que, quem segue esses perfis, acompanha os políticos como pessoa. Portanto é interessante que mesclem o trabalho com a vida pessoal, como faz José Serra, governador de São Paulo.
O cientista explica que a participação da assessoria deve ser balanceada, para que o perfil não ganhe uma linguagem muito tecnicista, lembrando as campanhas eleitorais. “O certo é ser o mais humano possível; postar fotos e falar do pessoal dele”. No caso de postagens que gerem discussão, ele acredita que a figura pública deve reconhecer o erro ou aceitar pontos de vista diferentes. “Quando a polêmica vai além e vira baixaria, então o melhor é retirar o post porque argumentar não adiantaria”, completa. O papel da assessoria nesse aspecto seria filtrar as perguntas dos seguidores para que o governo possa responder adequadamente.

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