SE LIGA MARACANAUENSES FREQUENTADORES DE PRAIAS, QUE A CADA SEMANA MUDA AS QUE ESTÃO APTAS PARA BANHO

Levantamento avalia 31 pontos da orla marítima e revela que, neste fim de semana, só 18 estão adequadas para o banho



O número de praias próprias para banho tem oscilado de forma significativa no litoral fortalezense. Fatores como a incidência de chuvas e o despejo de esgoto através de galerias pluviais são os principais causadores dessas diferenças numéricas. Em recente análise da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), órgão responsável por estudos de balneabilidade no Ceará, foi detectado que somente 18 praias, de 31 no total do litoral fortalezense, encontram-se próprias para banho.


De acordo com a gestora ambiental da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), Gelane Coelho, estas variações acontecem por causa das chuvas, que levam sujeira das ruas para a orla.

O resultado foi divulgado ontem, no 16º boletim de balneabilidade das praias. Se comparados dados de uma média de cinco anos, as pesquisas apontam que, em 2009, havia 18 pontos próprios para banho e 13 impróprios. Já em 2010, foram 21 locais livres para uso e 10 com situação considerada irregular. Em 2011, em média, havia oito pontos adequados e 23 inadequados. No ano de 2012, eram 25 lugares aptos e seis não tinham condições de uso.

O padrão utilizado para apontar as praias próprias ou impróprias é baseado na resolução Nº 274, de 9 de novembro de 2000, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Ela estipula os níveis necessários para as águas serem consideradas excelente, muito boa, satisfatória ou insatisfatória.

Se o nível de coliformes termotolerantes for inferior a 250 para cada 100ml de água, ela é considerada excelente; se for até 500 na mesma proporção muito boa; até 1.000, satisfatória. Porém, se o nível de coliformes for superior a 1.000 por 100ml, a água é considerada insatisfatória e imprópria para banho.

Resultados

Uma das praias que está inclusa no 16º boletim divulgado pela Semace é a da Barra do Ceará. Ela aparece com resultados negativos no anos de 2009, 2010 e 2011. Já em 2012, surge como local próprio. Entretanto, nas primeiras pesquisas de 2013, o local é considero novamente impróprio para banho.

De acordo com Fernando Filho, presidente da Associação dos Barraqueiros da Barra do Ceará, a falta de limpeza nas ruas e calçadas no local pode ser um dos principais motivos da área ser considerada imprópria para banho. "A meu ver, a limpeza nos arredores da praia deveria ser realizada periodicamente. Com o vento e as chuvas, o lixo das ruas e calçadas vai para água acarretando na sua contaminação", ressaltou.

Ele lembra que o comércio é atingido diretamente pela falta de limpeza no local. "São aproximadamente 30 mil pessoas que passam aqui por semana. Temos 33 barracas funcionando todos os dias. Porém, não ter uma água do mar limpa onde os clientes possam tomar banho é um risco para todos os proprietários de comércio do local. Afinal, qual pessoa quer ir a uma praia que não se pode entrar na água?" questiona.

Já o vice-presidente da Associação dos Empresários da Praia do Futuro, Flávio Costa, acredita que o local é o mais limpo de toda a cidade de Fortaleza. Segundo Flávio Costa, algumas iniciativas contribuiram para o local ser considerado próprio para banho por tanto tempo. "Todo os proprietários de restaurantes e barracas possuem lixeiras próprias e os funcionários são estimulados a orientar os clientes para não jogar o lixo na areia", enfatiza. Em relação à limpeza da faixa da praia, Fernando ressalta que "a Prefeitura faz todo o trabalho de limpeza das calçadas e ruas no entorno do local", destacou.

Fatores
De acordo com a gestora ambiental da Semace, Gelane Coelho, estas variações acontecem por causa das chuvas, que levam sujeira das ruas para a orla. "A chuva é um dos principais fatores que alteram os números de pontos aptos para uso", afirma. A gestora ainda informa que outro fator também interfere no resultado da qualidade das águas. "O esgoto despejado no mar também é um dos causadores da baixa qualidade da água", declara.

Esse estudo é coordenado pela Gerência de Análise e Monitoramento (Geamo), através da coleta da água do mar. As amostras são colhidas semanalmente e depois transportadas para o laboratório de pesquisa que fica na sede da Semace, onde são comparadas para identificar o nível de coliformes termotolerantes presentes na água.

Dez toneladas de lixo ao dia
Garrafas PET, sacolas plásticas e o coco ainda são os principais resíduos que comprometem a limpeza da orla da Capital. São, em média, dez toneladas de lixo retiradas, diariamente, e a maioria, seis toneladas, concentra-se na Praia do Futuro.

As informações são da Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb). Segundo o engenheiro operacional da unidade, Plácido Macedo, o trabalho de limpeza nas praias do litoral fortalezense conta com equipes que trabalham constantemente. Na Praia do Futuro, Plácido destaca que a coleta é realizada no mesmo horário, porém o número de trabalhadores tem que ser dobrado para 60. "Temos que aumentar o efetivo por conta do movimento que esta praia tem. Além dos homens, ainda contamos com dois tratores para o auxílio na limpeza, pois são em média seis toneladas de lixo retiradas por dia somente na Praia do Futuro, incluindo coco, sacolas plásticas, garrafas PET e outros tipos de sujeiras produzidas pela população" afirma.

Efetivo
Enquanto isso, na Barra do Ceará, conforme explica o gestor, o efetivo destinado à limpeza é de 30 homens que trabalham entre 7 e 15 horas. "São recolhidas, em média duas toneladas de lixo por dia, isso somente em baixa estação" acrescenta.

Na Avenida Beira-Mar o número de profissionais é alternado. São 36 trabalhadores entre 9 e 17 horas e 24 profissionais entre 23 e 4 h. Segundo o engenheiro, a média de lixo coletada na Beira-Mar é de duas toneladas.

Em relação a qual medida é tomada para coibir a falta de coleta do lixo nas praias fortalezenses por parte dos proprietários de restaurantes e barracas, o engenheiro ressalta que fiscalizações são realizadas rotineiramente pela Emlurb para fazer ser cumprida a Lei Municipal Nº 8.408, de 24 de Dezembro de 1999 que trata do tema.  


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