QUE CURIOSO! MESMO EM GERAL COM POUCAS CHUVAS NO CEARÁ, CIDADE DO INTERIOR ESTÁ EM ESTADO DE CALAMIDADE, APÓS CHUVA DE 103 MM, UM JOVEM MORREU

Prefeitura diz não ter dinheiro para reconstruir os pontos da cidade danificados por sangria de açude particular


Uma pessoa morreu e pelo menos 50 famílias precisaram ser abrigadas em prédios da prefeitura após um açude sangrar em Milagres, a 473,8 quilômetros de Fortaleza, na madrugada de ontem. A água transbordou devido a uma chuva de 103 milímetros que fez a gestão municipal decretar estado de calamidade pública.

A precipitação foi a maior registrada pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) entre as 7 horas de quarta-feira, 5, e as 7 horas de ontem. Choveu em outros 110 municípios. E a previsão para Milagres é de mais água nas próximas 72 horas.

Segundo o prefeito Hellosman Sampaio de Lacerda, a periferia do município sofreu os maiores danos da sangria do açude. Ruas ficaram destruídas e com buracos onde cabem carros; árvores foram arrancadas e a tubulação de fornecimento d’água acabou prejudicada, deixando algumas localidades sem abastecimento até o começo da noite.

Os bairros Francisco dos Socorros e Frei Damião são os que mais preocupam. “Esse açude é particular, fica na cabeceira da cidade e não tem serventia. Nem criadouro de peixe é. Se romper a parede, vai ser um terror. E existe esse perigo. Já foi horrível agora porque saiu levando tudo. Até um jovem morreu”, conta o prefeito, referindo-se a Antônio José Leandro, 22 anos, tragado por um bueiro quando se dirigia à casa da irmã, grávida, para um possível resgate.

Conforme Lacerda, o dono do açude já foi localizado e o município busca uma forma de desapropriar o espaço para, em seguida, aterrá-lo. “É a segunda vez que acontece isso (transbordar). Mas, dessa vez, foi muito maior. Foi assustador. Estamos preocupados.”

De acordo com o secretário de Finanças, Anderson Eugênio de Oliveira, o desconforto dá-se pelo fato de a prefeitura de Milagres não ter dinheiro para arcar com os custos das reconstruções e amparo às vítimas.

Há casos de famílias sem ter onde morar e de gente que perdeu tudo. “Vivemos basicamente de FPM (Fundo de Participação dos Municípios). E esses repasses do Governo Federal têm nos deixado numa crise sem precedentes porque o valor é pouco. Precisamos de ajuda. Sozinhos, não vamos conseguir”, diz o secretário.

Estima-se em R$ 1 milhão o necessário para reconstruções. Uma quantia ainda indefinida será utilizada na concessão de aluguéis sociais às famílias atingidas pelas águas. Por ora, a Prefeitura faz um cadastro dos munícipes prejudicados pelas chuvas e pela sangria do açude. Há preocupação com a continuidade das precipitações. “Estou sem saber o que fazer”, revela o prefeito. A dúvida é sobre como angariar recursos para restaurar os pontos destruídos.

ENTENDA A NOTÍCIA

Açude particular sangrou com a forte chuva da madrugada de ontem e afetou principalmente a periferia de Milagres.Famílias atingidas receberão aluguel social da Prefeitura, que ainda não sabe de onde tirar dinheiro para consertos.

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