DEMISSÃO DE COBRADORA DE ÔNIBUS POR POSTAGEM NO FACEBOOK CONTRA PREFEITO PROVOCA REVOLTA NAS REDES SOCIAIS

 

Causou forte repercussão nas redes sociais e revolta entre funcionários da empresa Carris a demissão por justa causa de uma cobradora que se engajou nos protestos contra o aumento da passagem.

Nesta quinta-feira, Karina Manke Lemos, 30 anos, que trabalha na empresa há mais de oito anos, recebeu uma carta informando sua demissão por justa causa, baseando-se em duas alíneas do artigo 482 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Segundo a funcionária, que se recusou a assinar o documento, o motivo da demissão seria sua participação ativa nos protestos pela redução da passagem nas redes sociais. Em seu Facebook, Karina costumava compartilhar e comentar postagens contra o aumento para R$ 3,05. E, numa das suas intervenções na rede social, ela teria dirigido críticas ao prefeito José Fortunati. A cobradora afirma que a empresa alega ter recebido uma denúncia contra o seu comportamento pelo Serviço de Atendimento ao Cliente Carris (SACC). Para ela, isso é uma afronta a sua liberdade de expressão.
— Se a gente não pudesse dizer o que pensa, não deveria nascer com boca para falar nem com dedos para digitar. Nós somos seres pensantes, precisamos dizer o que pensamos — desabafa.
Karina decidiu acionar o Ministério Público contra a Carris. Ela assume que participou de caminhadas no Centro, diz que encontrou vários colegas de trabalho nas manifestações e critica a qualidade do serviço de transporte público de Porto Alegre.
— Nós sabemos o quanto o serviço é precário, o quanto os ônibus estão defasados. São verdadeiros ferros-velhos rodando por R$ 2,85, agora. Eles [os dirigentes das empresas] não respeitam os passageiros, mas nós respeitamos — diz.
Carris diz que cobradora cometeu falta grave
Para o diretor administrativo-financeiro da Carris, Vidal Pedro Dias Abreu, a funcionária cometeu uma falta grave, que justificaria a medida adotada. Ele confirma que a denúncia contra Karina chegou à empresa via SACC e diz que a postura da cobradora é incompatível com as regras da companhia.
— Na postagem, ela sugere que o prefeito estaria recebendo recursos oriundos do aumento da passagem. Isso não é uma crítica. É uma ofensa da funcionária ao seu empregador. A prefeitura, representada pelo prefeito, é a proprietária da Carris. E eu, como administrador, tenho autonomia para tomar providências — argumenta o diretor, que garante que o prefeito não foi consultado sobre o caso.
Abreu frisa que a Carris não proíbe que seus funcionários participem de manifestações e protestos fora do seu horário de trabalho, desde que não infrinjam as normas da empresa.
A reação à demissão da funcionária foi forte nas redes sociais. A carta de demissão de Karina está sendo compartilhada e comentada no Facebook, em postagens que condenam a atitude da empresa e a classificam como censura. Um grupo de funcionários da Carris distribuiu nesta sexta-feira panfletos conclamando os colegas a protestar contra a medida.
Confira a nota emitida pela Carris sobre o caso:
NOTA À IMPRENSA
A Companhia Carris Porto-Alegrense esclarece que a demissão da ex-colaboradora Karina Manke Lemos foi motivada por manifestação divulgada na rede social Facebook na qual sugere que o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, receberia, indevidamente, recursos advindos do aumento da passagem de ônibus da Capital. Tal fato caracteriza falta grave e autoriza a demissão por justa causa.
Além disso, a cobradora apresentava desempenho operacional insatisfatório, com a ocorrência de atrasos, faltas e ofensas a superiores.
Assessoria de Comunicação e Marketing
Companhia Carris Porto-Alegrense

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