ATIVIDADE FÍSICA: ESPECIALISTAS ALERTAM PARA O USO DESNECESSÁRIO DE SUPLEMENTOS

Nutricionistas e educadores físicos indicam a suplementação proteica apenas quando os exercícios físicos apontarem para altos desempenhos. Eles alertam para danos à saúde e gastos desnecessários 


Heraldo Viana, 44, começou a competir pelo triatlon há quatro anos. Migrou das corridas de rua para o esporte, por considerá-lo mais desafiante. A rotina de treinos diários, com nado, corrida e pedalada, exigiu do atleta um desempenho ainda maior do corpo. Algo que uma alimentação comum não daria conta. Há três anos, com orientação do nutricionista e em busca de uma melhoria na performace, também em competições de iron man, começou a tomar suplementação proteica. Ele utiliza a proteína isolada pela manhã, logo que acorda, e no pós-treino, devido à absorção mais rápida pelo corpo. “É visível a rápida recuperação do corpo em treinos e competições tão intensos”, justifica Heraldo.

De acordo com o nutricionista esportivo Sérgio Fonteles, Heraldo é o perfil mais indicado de pessoas que necessitam fazer uso da suplementação proteica. A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e Sociedade Brasileira de Nutrição Esportiva recomenda o consumo de 1,8 g/kg/dia de proteína para o indivíduo que pratica uma atividade de força ou com fins de hipertrofia muscular.

“O consumo proteico deve sempre estar ligado ao peso do indivíduo e ao tipo de prática esportiva”. Segundo o nutricionista, para alcançar 56 gramas de proteína de alto valor biológico, seria preciso ingerir diariamente dois bifes médios, dois copos de leite de 240 ml, uma fatia de queijo, um iogurte de 180 ml e duas claras de ovos.

Consumo inadequado
A grande maioria das pessoas consome de forma inadequada e, por vezes, desnecessariamente as proteínas, conforme explica Sérgio Fonteles. Avaliar o limite entre o saudável e não saudável, segundo ele, gira em torno de quem está tomando, a quantidade que se toma, e com que finalidade. Os suplementos proteicos são sim considerados alimentos, mas não in natura, pois sofreram alteração física. Os principais benefícios apontados por Sérgio, em citação à literatura científica, são evitar a degradação muscular e, em conjunto com uma alimentação balanceada, promover o ganho de massa muscular, melhorar o sistema imunológico. Além disso, há evidências de que o whey protein pode combater o estresse oxidativo.
“No entanto, o uso além das necessidades pode aumentar a formação de ureia e gerar uma sobrecarga renal e hepática, bem como aumentar o valor calórico da alimentação facilitando a engorda do indivíduo”, pondera o médico. Dessa forma, as proteínas são contra-indicadas por portadores de insuficiência renal ou hepatopatas.

Para Sérgio, existe um um merchandising muito grande em torno dessas substâncias. E pessoas que gastam muito de maneira desnecessária. “O consumo de suplementos sem a adequação da alimentação pode gerar efeitos deletérios e/ou contrariar os objetivos do desportista”, alerta.

Comentários