Já ouviu falar em 'ghosting' financeiro?Este pode ser o motivo do sumiço repentino daquele crush ou amigo próximo
'Falar sobre dinheiro não é romântico, mas é necessário para um relacionamento se manter próspero', garante especialista
Casos como o do designer não são isolados e, segundo especialistas, só crescem. Em levantamento feito pelo Serasa no ano passado com 1.766 pessoas, 64% disseram que o assunto “dinheiro” provoca altos níveis de estresse, ansiedade e insônia, além de impactos na autoestima. Para a educadora de finanças Andreia Fernanda, da plataforma Ela & Co, a situação tem dado vazão a um novo comportamento: o “ghosting financeiro”. Quem está endividado ou tem pouco no fim do mês para investir em lazer ou encontros amorosos, isola-se, deixando amizades, amor e a família de lado. “Há um crescimento de superendividados no país, e o ‘ghosting’ ganhou força nos últimos meses nas redes sociais. Por causa delas, todo mundo tem que estar com a aparência impecável, ir a lugares instagramáveis. Hoje não se gasta menos de R$ 100 para ir ao cinema”, acredita a profissional.
Taxas de inflação mais altas, a crise econômica mundial e a “pejotização” dos trabalhadores, com contratos sem direitos trabalhistas, tornam mais difícil a meta de construir uma reserva financeira. Mas para Andreia, o maior complicador nas relações é a falta de um diálogo aberto sobre dinheiro. “É cultural não falarmos, as pessoas têm fobia. Mesmo que a disciplina de educação financeira seja obrigatória nas escolas, ela não é aplicada como deveria.”A influenciadora de finanças Mariana Pinto, a Mariana da Grana, concorda: “As pessoas se sentem vulneráveis. Falar sobre dinheiro não é romântico, mas é necessário para um relacionamento se manter próspero”, garante. “Em muitos casos, a culpa por um desentendimento ou pela separação acaba sendo dele.”
Por anos, a atendente de telemarketing carioca Bárbara Luiza Santos, de 35, era a única de seu grupo de amigos a não participar de encontros. “Foi um período em que eu não saía de casa. Quando alguém me perguntava sobre novidades, mudava de assunto, nunca me abri. Recusava convites e, por causa disso, muitos se afastaram”, diz. Atualmente, Barbara estuda para um concurso público e ressalta a importância do apoio familiar para se reerguer: “Meu pai me ajudou bastante. Quando muitas vezes falta até o básico, o lazer e ‘coisas menores’ ficam de lado”.
Para a psicóloga Tatiana Filomensky, do Instituto de Psiquiatra do Hospital das Clínicas de São Paulo, é possível manejar situações sem se esconder ou dizer “não” o tempo todo. “Mas isso é quando você está seguro, com a saúde mental em dia, resiliente. Antes, é preciso se reconhecer, entender que isso não te define.” Não fugir dos números, não se isolar e escolher alguém em quem confia para pedir ajuda também pode abrir portas para um futuro financeiro e social mais otimista. “É uma situação que precisa ser encarada para ser resolvida. Converse, desabafe, entenda quem é a pessoa com quem é possível fazer um passeio ou algo mais condizente com a sua realidade”, finaliza Tatiana.
(Com informações do O Globo)
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